domingo, 28 de abril de 2013

a puro

eu
por f ora
fui
deles e delas

eu
pura
completamente crua
hoje
já nem sei se sou minha
ou se sou
(soul?)
tua

me soul ta

minha? alma precisa vo ar puro

de sagrado?

O cachorro mais velho insiste em não morrer. Não que eu deseje a sua morte. Não é exatamente isso. É como uma longa despedida em uma rodoviária: se o ônibus nunca vai embora, aquilo começa a perder o sentido. Você torce pra que a coisa aconteça logo. Tudo o que havia de sagrado na quilo se perdeu. Você é obrigado a reorganizar as suas noções a respeito do sublime. As coisas não são puras. O braço cansa de acenar. Digo no sentido físico da coisa. Aquilo tudo passa a ser um pouco patético. Tudo o que demanda uma quantidade grande de sagrado corre esse risco. Você sempre acaba correndo o risco de ter vontade de dar uma mijada no meio de algum enterro. As coisas são assim... não que isso mude nada. Você continua se debulhando em lágrimas. Não existe nenhuma distinção profunda entre lágrimas e a urina. Coisas que a gente põe pra fora. Secreta e excreta.

sábado, 24 de março de 2012

´

É impossível descobrir quantos acentos ainda cabem no O do próximo dói ou em quanto tempo qualquer manifestação de sentimentos sufocantes deve ser publicada/excretada. Não é falta de coragem, só falta de fé.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012



"Nunca fui inteiramente enganado por essa “escrita automática”. Mas a brincadeira também me agradava em si mesma: filho único, podia brincar com isso sozinho. Por instantes, eu detinha a mão, fingia hesitar para me sentir, com a testa franzida e o olhar alucinado, escritor. Eu adorava o plágio, aliás, por enobismo, e o impelia deliberadamente ao extremo, como se vai ver."

Se sê ou se sá

Não existe agora nem uma maneira gramaticalmente correta que me ajude a definir como isso será contado. Não sei se uso a primeira, a segunda ou a terceira pessoa ou se continuo inventando constantemente formas e códigos que não servem para absolutamente nada. Posso tentar dizer que: nós subiu até a lua e encontrarás o sublime. Mas na verdade só pra dizer que: você homem de cabelos de chuva passa até hoje no meio dos meus seus nossos vossos olhos e me prendeu dentro de uma nuvem a sensação de correríamos e me deixou espero. Que diabos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

xxx

A subtração é a função matemática mais simples e útil a ser utilizada quando não se quer passar a toa pelo mundo. Passei muito tempo me dedicando a busca do intemporal e fico feliz por ter chegado a conclusão de poucas e felizes parcerias. A forma e o movimento das coisas sempre tem algo de feio a revelar e isso se torna menos doloroso quando a gente resolve que nem tudo é tão importante ou que deve ter um significado fotografável. Os planetas nem sempre se alinham de forma correta e a solidão é o fato predominante da maioria das ocasiões. Imaginar que estamos jogados ao cuidado dos outros pode parecer bonito e confortável mas não passa de mais um sonho, de um cenário ideal aonde qualquer pequena atitude não esperada se transforma facilmente em algo decepcionante. Me mantenho calada na maioria das vezes e acredito que essas horas são fundamentais pra formação de algo gigante dentro da minha mente. Mas queria aprender a dividir mais. E melhor. Meu coração se aperta num nível preocupante e isso devia ser curado com advil, só que a direção desse esmagamento é sempre no sentido contrário da melhora. É a maldição da água e da lua que implica o dia do meu nascimento. Se eu fosse completa e infinita como o mar, por exemplo, talvez toda a diversão seria mais atraente e eu não precisaria da matemática pra medir cada atitude e cada palavra. Pensar bem antes de falar e pensar em você antes de dormir: isso tá cada vez mais complicado e incalculável. Quando é que afinal essa posição será confortável ou pelo menos não-angustiante? Eu poderia tentar fazer um coquetel de planetas, água, alucinações e tapas na cara mas no final só significaria mais trabalho, mais cálculos. E definitivamente, menos pessoas. Não queria recriminar os autistas sem gatos, mas isso não seria mau, eles se revelam quando se adiciona mais medo a cada gole e então, se produz a catástrofe.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

e't'c't'r

As nomenclaturas variantes de cada indivíduo e de seu comportamente é algo super e super valorizado em cada esquina de qualquer lugar onde habitem, no mínimo, dois seres humanos. Todos se comportam como pscicanalistas dentro de seus estudos e experiências, vividas ou não. É uma espécie de gaiola. A gente se prende em busca de uma definição e esquece que cada termo e/ou ação tem suas infinitas variáveis, somos humanos, somos capazes de ser tudo o que as circunstâncias permitem e capazes, principalmente, de ir contra isso. Somos multi, pluri, cis, trans, singulares e tudo isso ao mesmo tempo. Me baseando em todas as pequenas e grandes coisas que experimento a cada dia eu gosto da falta de nome que algumas atitudes tem. É uma forma de adaptação a cada dia e pessoa, mas devo dizer que graças a pessoas multi, pluri e trans, eu tenho variado os rótulos, me permitindo ser em cada ser, anulando a preocupação com os pscicanalistas em volta. Não sei o que Freud ou minha mãe diriam sobre esses comportamentos, hora extremos, hora coisa nenhuma, hora equilíbrio. Mas o nosso cérebro é uma fábrica de diverções e seria um pecado contra a vida e o criador ignorar isso. Deus resolve existir quando você experimenta a suprema felicidade que existe nas pequenas coisas e nas grandes pessoas. Ainda cabem muitas vírgulas na minha biografia,  magia darwiniana na descoberta do mundo e suas possibilidades. Plantar maconha em um pequeno vaso na varanda é algo tão inutilmente prazeroso quanto indispensável. Estudar 14 horas seguidas de bioquímica pode ser importante nessa busca por nomenclatura, vou ser uma profissional da saúde e vou ter um pé de gelatina embaixo da minha cama, isso significa muita coisa. Não me preocupar com o câncer que vou ter daqui a vinte anos é tão estúpido quanto tomar vitamina de banana com maçã todos os dias. E daí se eu prefiro as substâncias prejudiciais as essenciais? O cigarro faz parte de toda a brincadeira no divã, entre outras substâncias que catalisam os processos multi, pluri e trans de cada ser vivo. O que isso tudo significa depois que as nossas cinzas viram tapete não vai depender do nome ou da circunstância, e sim da divisão de dados para análise individual e em grupos étnicos de no máximo três alunos, para que, a partir disso, todos saiam enriquecidos e cada vez mais singulares depois de experimentar todas essas baboseiras incrivelmente essenciais para a vida e para a formação acadêmica, pessoal e da massa encefálica.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

pH < 4

Era novo e isso fazia parte do prazer. Era um pacote filantrópico, a soma de sabores, peles, olhos, fomes, luzes e descobertas. Tudo por conta da casa. Tudo na consistência ideal a partir da união coloidal das moléculas coloridas de sabor artificial idêntico ao natural. Tudo por conta da vontade. “Tudo” diz muita coisa dessa noite, até quem não dizia nada até então, definiu no meio de todas as luzes a incrível sensação de não saber de nada, nada era simplesmente o que sempre foi, tudo tinha se misturado, se ondulado até formar uma matéria qualquer que ficava além do palpável. Pouco menos de 20 mentes, acredito. 1 milhão de vozes saindo de cada uma delas e se degladiando em outra dimensão, não faço idéia de qual foi a matemática dessa noite. Tudo parecia comestível, imaginável e permitido. “Tudo” diz muita coisa dessa noite. Paraísos de libra e águas de câncer se encontravam enquanto diagnósticos astrais eram oferecidos em todos os ambientes daquele fantástico espaço ao mesmo tempo. Era uma mistura de medo com fascinação, de magia negra com o poder do megazord. Eram pouco menos de 20 mentes, 18 mentes e meia, acredito, sendo investigadas e sem conseguir se esconder da exposição. 18 mentes e meia servindo de espetáculo enquanto o oráculo de botas se alimentava de cada gesto aquariano, orientava a insegurança libriana e abria as portas pra água de câncer pra quem quisesse beber. As pupilas precisaram dilatar pra tentar entender tudo o que o mundo estava virando e também pra conseguir acompanhar os passos daquele rap. No meio disso, um criador de memórias registrava cada pedaço de parede, cada cinza no chão e cada partícula debaixo da língua porque ele sabia que era bom. Ao que parece, ninguém tinha se preparado pra tudo aquilo, pra manter os olhos tão abertos quanto escondidos, pra ser o que quiser e arcar com as consequências de cada ser. Risos frenéticos flash após flash, a atenção básica ao que era bonito e irresistível estava distorcida. Tudo parecia muito mais que antes, qualquer coisa era o que seu olhar mandasse e sua boca comesse. Todos pareciam em busca de algo que flutuava e pareciam flutuar também, era difícil se prender a realidade. Não se sabe como aquelas mentes sobreviveram aquela noite mas o tempo tem passado muito devagar desde então. O universo mudou de cor e agora é anacrônico. Preparados ou não, esses dezoito cérebros e meio, continuam vagando por aí, tentando assimilar cada minuto que experimentaram na acidolândia, tentando encontrar uma matéria no meio do espaço e aquele mesmo espaço pra fazer tudo outra vez. Tudo o que eu consigo dizer é que. Tudo. Aqueles dezoito cérebros e meio foram muito bem selecionados.