quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012



"Nunca fui inteiramente enganado por essa “escrita automática”. Mas a brincadeira também me agradava em si mesma: filho único, podia brincar com isso sozinho. Por instantes, eu detinha a mão, fingia hesitar para me sentir, com a testa franzida e o olhar alucinado, escritor. Eu adorava o plágio, aliás, por enobismo, e o impelia deliberadamente ao extremo, como se vai ver."

Se sê ou se sá

Não existe agora nem uma maneira gramaticalmente correta que me ajude a definir como isso será contado. Não sei se uso a primeira, a segunda ou a terceira pessoa ou se continuo inventando constantemente formas e códigos que não servem para absolutamente nada. Posso tentar dizer que: nós subiu até a lua e encontrarás o sublime. Mas na verdade só pra dizer que: você homem de cabelos de chuva passa até hoje no meio dos meus seus nossos vossos olhos e me prendeu dentro de uma nuvem a sensação de correríamos e me deixou espero. Que diabos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

xxx

A subtração é a função matemática mais simples e útil a ser utilizada quando não se quer passar a toa pelo mundo. Passei muito tempo me dedicando a busca do intemporal e fico feliz por ter chegado a conclusão de poucas e felizes parcerias. A forma e o movimento das coisas sempre tem algo de feio a revelar e isso se torna menos doloroso quando a gente resolve que nem tudo é tão importante ou que deve ter um significado fotografável. Os planetas nem sempre se alinham de forma correta e a solidão é o fato predominante da maioria das ocasiões. Imaginar que estamos jogados ao cuidado dos outros pode parecer bonito e confortável mas não passa de mais um sonho, de um cenário ideal aonde qualquer pequena atitude não esperada se transforma facilmente em algo decepcionante. Me mantenho calada na maioria das vezes e acredito que essas horas são fundamentais pra formação de algo gigante dentro da minha mente. Mas queria aprender a dividir mais. E melhor. Meu coração se aperta num nível preocupante e isso devia ser curado com advil, só que a direção desse esmagamento é sempre no sentido contrário da melhora. É a maldição da água e da lua que implica o dia do meu nascimento. Se eu fosse completa e infinita como o mar, por exemplo, talvez toda a diversão seria mais atraente e eu não precisaria da matemática pra medir cada atitude e cada palavra. Pensar bem antes de falar e pensar em você antes de dormir: isso tá cada vez mais complicado e incalculável. Quando é que afinal essa posição será confortável ou pelo menos não-angustiante? Eu poderia tentar fazer um coquetel de planetas, água, alucinações e tapas na cara mas no final só significaria mais trabalho, mais cálculos. E definitivamente, menos pessoas. Não queria recriminar os autistas sem gatos, mas isso não seria mau, eles se revelam quando se adiciona mais medo a cada gole e então, se produz a catástrofe.