domingo, 28 de abril de 2013

de sagrado?

O cachorro mais velho insiste em não morrer. Não que eu deseje a sua morte. Não é exatamente isso. É como uma longa despedida em uma rodoviária: se o ônibus nunca vai embora, aquilo começa a perder o sentido. Você torce pra que a coisa aconteça logo. Tudo o que havia de sagrado na quilo se perdeu. Você é obrigado a reorganizar as suas noções a respeito do sublime. As coisas não são puras. O braço cansa de acenar. Digo no sentido físico da coisa. Aquilo tudo passa a ser um pouco patético. Tudo o que demanda uma quantidade grande de sagrado corre esse risco. Você sempre acaba correndo o risco de ter vontade de dar uma mijada no meio de algum enterro. As coisas são assim... não que isso mude nada. Você continua se debulhando em lágrimas. Não existe nenhuma distinção profunda entre lágrimas e a urina. Coisas que a gente põe pra fora. Secreta e excreta.

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